As Aves

O Homem quer asas, os Deuses querem risos, as Aves querem eternidade. 
Ao Tempo, nada é concedido.

Adaptação do conto A Morte, O Tempo e o Velho de Mia Couto

Pedro Magano, realizador

Realizar um conto para crianças e adultos foi sempre um objetivo pessoal do realizador.

Os contos são estórias simples e de fácil compreensão, escritos para todas as idades, onde a magia acontece na interpretação de uma mensagem universal que ele convoca. Estórias simples que escondem, nas suas subtis entrelinhas, ques- tões fundamentais e filosóficas importantes como a Vida, a Morte e o Tempo.
O escritor Mia Couto escreveu um conto chamado “A Morte, o Tempo e o Velho”, no livro “Na berma de nenhuma estrada” de 2001. Este conto narra a estória de um Velho que procura a Morte para se aliviar do fardo da vida. Mas, quando fi- nalmente a encontra, na forma de um mabeco e acompanhada pelo Tempo, a Morte imortaliza o Velho, ao contrário das suas ambições fatalistas, substituindo-o pelo Tempo porque se apaixonou pelas descrições dos seus sonhos. Os Deuses têm um fascínio pelos Humanos.

Aristófanes, um conservador, hostil aos deuses, defensor do passado de Atenas e dos seus valores democráticos tradicionais, escreveu uma peça chamada “As Aves” onde critica o estado da sociedade ateniense moldada pela corrupção. Dois atenienses desgostosos com a sociedade ateniense, Tereu e Procne, trans- formados em pássaros pelos deuses, querem fundar uma nova cidade para os Homens e para as Aves. Nefelocucolândia!

Estas duas obras são a base do argumento desta longa metragem chamada “As Aves”.

A peça grega inspirou os monólogos e diálogos, o imaginário e o conceito estético do filme. A guerra ancestral entre os Homens, os Deuses e as Aves, é o tema principal desta longa metragem. Na Grécia Antiga, a guerra entre os Deuses e os Homens eram assuntos sérios de debate que procuravam, nessa relação, ex-

plicar o porquê da Vida. Hoje, são metáforas cómicas mas ainda muito recorren- tes para a procura dos “porquês” da Vida, que encerram em si muita da História comportamental secular dos Homens, bem como as suas humanas características e dos Deuses inventados por si.

O conto de Mia Couto inspirou a construção das personagens e a forma da narrativa do filme. Nesta adaptação, o filme difere do conto nas intenções das suas personagens mas mantém o papel de cada um. Ao contrário do conto de Mia Couto, o Velho não procura a Morte, é esta que o procura acompanhada pelo Tempo surgindo a bordo de um moliceiro, a fim de se divertirem com a mortalidade do humano tonto. Mas este humano tonto, ao aperceber-se que era um peão nas mãos da Morte, que a sua vida era cíclica e repetitiva (como é a nossa!), quis con- tornar e controlar o seu destino. A Morte não gostou e, no final, não o leva consigo por achar que o tonto humano a desrespeitou enquanto Deusa.

O Velho vive num Purgatório, isolado e rodeado de água, numa ria morta de margens lamacentas. Vive repetidamente uma rotina de hábitos (à semelhança da nossa vida) e quer fugir daquele sítio para fundar uma cidade para os Homens e para as Aves, a Nefelocucolândia.

O Velho odeia os Deuses e desabafa os seus lamentos com uma caturra, a Poupa, que mantém aprisionada numa gaiola e representa uma metáfora da sua pró- pria vida preso naquele sítio hostil sem que saiba o porquê da sua prisão. No entanto, o velho encontra nas palavras dos livros que encontra na biblioteca, durante as suas deambulações furtivas pela cidade, a sua liberdade.

A narrativa do filme é cíclica e vai de encontro ao conceito de vida infi- nita e re petitiva dos humanos e à dimensão cíclica do Tempo tal como o conhe- cemos. A estrutura narrativa divide-se em três partes iguais no que respeita à forma da estória, mas diferem no conteúdo e na interpretação das personagens.

Pedro Magano, realizador e produtor

Elenco

Gustavo Sumpta
Mafalda Rocha
 

Equipa 

1ª Assistente de Realização:  TÂNIA TEIXEIRA
Direção de Som: DUARTE FERREIRA
Sound Design e Mistura 5.1:  MAURÍCIO D’OREY
Montagem:  NUNO ROCHA, PEDRO MAGANO
Correção de Cor:  PEDRO NEGRÃO
Cenografia: ÂNGELO COSTA
Figurinos: PAULA GOMES, BRANCA SARABANDO
Fotografia de Cena: JORGE COSTA
1º Assistente de Câmara: TIAGO FARIA
2º Assistente de Câmara: RICARDO BARROS
Efeitos Especiais: HUGO RAPOSO, ÉLIO MATEUS
Arte Gráfica: SÉRGIO DUARTE, CRISTIANA RODRIGUES
Assistentes de Produção: SARA MENDES, DIOGO CARVALHO
Caracterização: ANA NUNES
Direção de Fotografia: MANUEL PINTO BARROS
Produção: PEDRO SÁ
Realização: PEDRO MAGANO

 

Agradecimentos

Confeitaria Peixinho
Cinema Avenida
Teatro Aveirense
Barbearia Beira-Mar
Quinto Palco
Instituto Da Segurança Social, I.P. Centro Distrital De Aveiro
Aveiro Arts House
Cazita
Filmes Da Mente
Blue Pack
Duas Faces

 

Ficha técnica


País: PORTUGAL
Duração: 73 MIN.
Tipo: LONGA FICÇÃO
Ano Produção: 2023
Ano Estreia: 2024 (previsão)
4K, CÔR, 5.1

Apoios

Making-of